A saúde começa no intestino! Então, o que comer para regular?

 

Você sabia que o intestino é o órgão responsável pela absorção da maioria dos nutrientes que vêm da alimentação e da maior parte da água que ingerimos?

Para que a digestão e nutrição seja completa e perfeita, precisamos cuidar bem do intestino. E por falar nisso, como anda a sua saúde intestinal?

Como adequar o seu cardápio do dia a dia para manter um perfeito funcionamento?

 

O importante trabalho intestinal

O intestino é responsável pela absorção da maioria dos nutrientes (função do intestino delgado) e pela absorção da maior parte de água (função do intestino grosso) no organismo. Em seu trabalho normal, os alimentos devem percorrer todo o sistema digestivo a uma velocidade metabólica ideal, para que a massa alimentar e o bolo fecal não fiquem retidos, em qualquer parte do seu trajeto, mais do que o tempo necessário.

Talvez você não saiba dessa curiosidade, mas o intestino é considerado o segundo cérebro do corpo por ser um órgão capaz de regular hormônios que promovem o bem estar do corpo.

As principais células do tubo digestivo, especificamente o intestino delgado, produzem os seguintes hormônios:

  1. secretina (secreção pancreática rica em bicarbonato – alcalina e em água);
  2. polipeptídio inibidor gástrico – inibe a secreção do ácido clorídrico pelo estomago;
  3. Glicentina (similar ao glucagom) – glicogenolise hepática;
  4. Colestoquinina – secreção de enzimas pancreáticas, contração da vesícula biliar;
  5. Motilina – substância que aumenta a motilidade intestinal;
  6. Serotonina – aumenta a motilidade do intestino.

 

Intestino e bom humor

Por tudo isso que você viu, há uma estreita relação do intestino com seu humor, pois cerca de 90% da serotonina, que é o neurotransmissor do humor, é produzida no intestino.

No passado, havia a expressão “enfezado” para classificar indivíduos muito bravos e neurastênicos e isso nada mais era do que uma referência a seu intestino estar, provavelmente, cheio de “fezes”, daí o mau humor.

Já está comprovado que existe uma relação direta entre a emoção integrada no hipotálamo e a mobilidade do intestino.

Pessoas com depressão têm níveis baixos de produção de serotonina e a prisão de ventre também tem influência no humor das pessoas, provocando uma irritabilidade característica que muita gente nem associa ao trabalho prejudicado do intestino.

Os intestinos possuem uma rica rede neural com cerca de 100 milhões de neurônios (semelhante a medula espinhal) que elaboram neurotransmissores. As pesquisas demonstram que 40 hormônios e 20 neurotransmissores são secretados também pelo eixo cérebro-intestino, ou seja, simultaneamente pelos dois órgãos e que 80% do potencial imunológico está presente no sistema intestinal.

 

Intestino e sistema imunológico

Nosso intestino é colonizado por um número enorme de micro-organismos, principalmente bactérias. Essa colonização é gradual e variável, em número e diversidade de espécies. Ela começa a partir do primeiro alimento que ingerimos (muitas vezes é o leite materno) e é continuamente enriquecida e modificada, durante toda a nossa vida. Essas bactérias utilizam uma pequena parcela dos alimentos que ingerimos para seu crescimento e multiplicação e, em troca, produzem nutrientes que podemos absorver; outras se ligam às células do epitélio intestinal e com isso ocupam um espaço, não permitindo que outras bactérias (patogênicas, por exemplo) possam ali se fixar e dar início a um processo infeccioso. Essa flora natural, portanto, é muito benéfica para o organismo, pois o livra de doenças e sintomas desagradáveis, como vômitos, diarreias, desidratação e eventualmente, até mesmo da morte. Portanto, nossas bactérias comensais nos protegem dia e noite, direta e indiretamente.

Pesquisas em andamento mostram que compostos derivados dessas bactérias podem influenciar o funcionamento de neutrófilos, que são células de defesa do nosso organismo, produzidas no interior dos ossos.

Os neutrófilos ajudam no controle de células invasoras, como é o caso de algumas infecções oportunistas que nos acometem. Foi observado que, quando fragmentos da parede celular das bactérias do nosso trato intestinal, atravessam o epitélio do intestino, elas entram na corrente sanguínea e estimulam um sensor (Nod-1), o qual aumenta a capacidade dos neutrófilos em matar bactérias infectantes. Daí a influência do adequado funcionamento intestinal na proteção imunológica do nosso organismo.

 

Intestino em desequilíbrio – A disbiose

E preciso nutrir o organismo com alimentos em quantidade e qualidade, a fim de que ele receba todos os nutrientes para um bom funcionamento, garantindo a absorção e a utilização dos elementos ingeridos, melhorando o estado físico, mental e emocional do indivíduo.

O aproveitamento dos nutrientes pode ser alterado por sintomas de má absorção, interação entre os nutrientes, alteração da permeabilidade intestinal e também pela chamada “disbiose intestinal”.

O acumulo de maus-tratos com a função intestinal afeta o equilíbrio da microbiota que vive nessa região, fazendo com que as bactérias nocivas aumentem, causando a disbiose intestinal, que é esse desequilíbrio entre a flora benigna e a maligna.

Entre as possíveis causas da disbiose está a idade, o estresse, os maus hábitos alimentares e a disponibilidade de material fermentável. A má digestão, o tempo de trânsito intestinal, o ph intestinal e o estado imunológico do hospedeiro, também podem determinar essa condição prejudicial.

O tratamento da disbiose abrange duas linhas, uma dietética, por meio da ingestão de alimentos que beneficiam a constituição da microbiota intestinal (nozes, alho, cebola, iogurte, frutas cítrica, alcachofra, micralgas, ovos, castanhas e biomassa da banana verde), e outra que se baseia no consumo estratégico de lactobacilos ( prebiotico, probioticos e simbioticos).

A nutricionista sabe avaliar qual é o melhor tratamento e a melhor dieta para a disbiose de cada paciente.

 

O estresse e a microbiota intestinal

Recentemente, uma nova influência da microbiota sobre o hospedeiro foi descrita e denominada como “eixo microbiota-intestino-cérebro”. Esta via bidirecional envolve rotas neuronais, humorais e imunológicas e acredita-se que seu desequilíbrio pode trazer consequências para a saúde do intestino e da mente, como a depressão, o autismo e a encefalopatia hepática. Assim, pesquisadores foram estimulados a avaliar a possibilidade do uso de probióticos para o tratamento de algumas desordens neurológicas.

Probióticos são micro-organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem um benefício à saúde do hospedeiro, podendo afetar, inclusive, a saúde neurológica.

São considerados micro-organismos produtores de neurotransmissores: Lactobacillus spp. e Bifidobacterium spp produzem ácido γ-aminobutírico (GABA), um neurotransmissor inibidor no sistema nervoso central dos mamíferos; Escherichia spp., Bacillus spp. e Saccharomyces spp produzem noradrenalina, Bifidobacterium infantis está associada à produção do precursor de triptofano, um aminoácido essencial que é precursor de muitos agentes biologicamente ativos, incluindo neurotransmissores.

O eixo “microbiota-intestino-cérebro” tem, portanto, grande importância na manutenção da homeostase do organismo humano. Já se sabe, há muito, que a homeostase está profundamente relacionada com a saúde do intestino, e hoje também se admite a relação com doenças ligadas ao humor.

Trabalhos recentes sugerem uma relação entre o eixo intestino cérebro e a depressão, levando em consideração vias como: composição da microbiota digestiva, as respostas inflamatórias, alterações nos neurotransmissores. Conclusão: os neurotransmissores estão envolvidos na patogenia da depressão e na relação com a microbiota intestinal.

Foi demonstrado que os gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium podem produzir GABA o principal neurotransmissor inibidor no sistema nervoso central dos mamíferos e sua disfunção acarreta sintomas de ansiedade e depressão.

Outros estudos têm mostrado a importância do trato gastrointestinal na compulsão por alimentos uma vez que no intestino são sintetizados os hormônios que influenciam no comportamento alimentar. A serotonina, neurotransmissor que é  produzido nas células do intestino, está relacionada com o controle da ingestão de alimentos, sendo que seus altos níveis estão associados com a redução no consumo energético total ou seletivo.

Indivíduos com alterações no padrão alimentar relatam estresse como um fator para o início da compulsão alimentar. Em casos de estresse crônico, observa-se o aumento nos níveis plasmáticos de cortisol, que exerce influência negativa sobre a compulsão alimentar por estimular o consumo de alimentos e diminuir o gasto energético. Ainda, o cortisol, de forma direta, predispõe ao aumento de bactérias patogênicas no intestino e a redução de bactérias benéficas, como Bifidobacterium e Lactobacillus.

O aumento no consumo de alimentos comuns, na compulsão alimentar, associado a fatores fisiológicos, causados pelo aumento do cortisol, gera diversas alterações na mucosa intestinal, com possível perda de sua integridade. Com isso, o risco de problemas digestivos, infecções e alergias alimentares se tornam mais evidentes.  Esses fatores alteram a microbiota intestinal, favorecendo negativamente o quadro de disbiose intestinal.

 

Os bons hábitos alimentares para a saúde intestinal

Acostume-se a prestar atenção na performance do seu intestino e não se acomode diante de problemas como diarreia ou ressecamento. Fezes muito duras ou muito moles podem esconder problemas fáceis de corrigir, até mesmo pela alteração da dieta.

Um primeiro hábito cotidiano importantíssimo que deve fazer parte da sua vida é a hidratação. O ideal é beber de 1,5 a 2 litros de água por dia, pois o bolo fecal precisa do líquido para ser formado e atravessar todo o sistema, levando impurezas para fora do corpo.

Outra coisa de grande importância é o aumento do consumo diário de fibras, pois é desse material que se forma o bolo fecal.

Alimentos ricos em fibras como cereais, verduras e frutas, devem ser ingeridos diariamente para o bom funcionamento intestinal.