Suprindo as deficiências de micronutrientes após Cirurgia Bariátrica

Cada vez mais frequentes e comuns, as cirurgias bariátricas interferem na absorção orgânica de vários micronutrientes e por isso, a suplementação micronutrional nestes pacientes, é um protocolo que precisa ser realizado, contando com apoio profissional especializado.

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No quadro pós-operatório, ocorre a necessidades de doses muito elevadas para alguns vitaminas e sais minerais, enquanto para outros micronutrientes, não. Com a cirurgia bariatrica, uma das consequências é a redução na produção do ácido cloridrico, condição conhecida com acloridria, que contribui para o hipercrescimento bacteriano no intestino grosso. Com essa proliferação intestinal de bactérias, ocorre uma espécie de competição entre as bactérias e os nutrientes ingeridos, gerando as condições de má absorção de elementos importantes, além complicações serias na saúde do paciente, devido a deficiência de micronutrientes para a fisiologia humana.

Outra situação que também ocorre, após a cirurgia, é uma associação entre a restrição alimentar com a disabsorção. Em nutrição, sabemos que os nutrientes que tiveram seu espaço de absorção alterado necessitam de quantidades maiores de vitaminas e ou minerais por dia. São eles: tiamina, cianocobalamina, cálcio, ferro, ácido fólico e Vitamina A. Dietas de muito baixo valor calórico (menos de 800 kcal/dia) ou de baixo valor calórico (entre 800 kcal/dia e 1200 kcal/dia), como é o caso dos pós operados, devem ser suplementadas de todos esses elementos para atingirem as necessidades diárias de vitaminas e minerais.

Esta restrição se deve a qualidade da dieta pos cirurgia: dieta liquida e depois para dieta pastosa com as seguintes características: 750 a 1000 kcal/dia, 60 gramas de proteína, 30 gramas de gordura e 100 gramas de carboidrato.

O prazo para evolução de consistência da dieta em cirurgia bariátrica é de quatro semanas de dieta liquida. Depois disto, a dieta deve evoluir, gradativamente, para a dieta normal. A dieta liquida é importante para um adequado processo de cicatrização da cirurgia.

Em médio e longo prazo, torna-se necessária a suplementação magistral dos micronutrientes e o paciente precisa ter uma qualidade e uma quantidade adequada dos seguintes elementos: cálcio na forma citrato, devido a sua melhor biodisponibilidade; ferro na forma fumarato; minerais na forma quelato, facilitando a absorção; micronutrientes lipossolúveis (vitamina A, D, E, K e zinco), associados com óleo de coco, para facilitar a absorção através da formação de micelas.

A reposição e a incorporação de micronutrientes ao corpo são necessários para o funcionamento dos processos que ajudam na regulação do peso.

As alterações fisiológicas que ocorrem no aparelho digestório levam a necessidade de suplementação magistral e suplementação alimentar de micronutrientes, como: vitamina D, em razão da redução na ingestão diária de produtos ricos nessas substância, sendo necessária a sua suplementação associada com o cálcio; vitamina C , cuja introdução deve ser realizada para melhorar a absorção do ferro; vitamina A, devido a deficiência de ácidos biliares e zinco que alteram o transporte de vitamina A para o fígado; vitamina B1 e B12, absorvidas no intestino delgado, principalmente no jejuno e no íleo. A deficiência das vitaminas B1 e B12 gera o desenvolvimento dos seguintes sintomas: gatrointestinais (perda de apetite, náuseas, constipação), neuropsiquiatrico (insônia, nervosismo, irritação, fadiga), neurológico (fraqueza muscular, encefalopatia) e cardiológicos (taquicardia, edema de membros inferiores).

Algumas suplementações devem ser realizadas em altas concentrações. O ferro deve ser ofertado atingindo 10 vezes a RDA, com adição de vitamina C (500mg/dia) concomitantemente, podendo, assim, prevenir anemia ferropriva.

A inadequação do ferro, na dieta de pacientes de pós-operatório em diferentes técnicas cirúrgicas, é muito frequente nos estudos realizados após o primeiro ano pós-operatório. A intolerância a alimentos que são fontes desse mineral e a dificuldade de mastigação, especialmente da carne vermelha, após a cirurgia bariátrica, são fatores comuns e podes ser razões dessa baixa adequação. A inadequação do cálcio dietético nos estudos realizados, também ocorrem devido à intolerância por alimentos-fonte, causada pela alteração anatômica do órgão digestivo, que pode levar a uma redução do consumo desses produtos. As principais fontes de cálcio possuem também lactose que, por vezes, pode ocasionar intolerância alimentar com manifestações gastrointestinais como: distensão abdominal, cólicas intestinais, flatulência e diarréia.

Segundo Efrain Olszewer, essas deficiências nutricionais podem desencadear os seguintes distúrbios: depressão, gastrite, desidratação e desnutrição.

 

ELIANE PETEAN ARENA

Nutricionista

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