Adoçante aumenta a vontade de comer doce?

Os adoçantes estão sendo muito consumidos no mundo contemporâneo, mas eles também vêm sendo bastante estudados, pois os pesquisadores buscam indícios de que esse produto aumente a vontade de consumir alimentos doces.

Com o passar do tempo, os estudos e as pesquisas, o que verificamos foi que o uso indiscriminado de adoçantes artificiais, seja na sua forma pura ou presentes na composição de alimentos, realmente aumenta o desejo por doces e outros tipos de carboidratos.

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Os cientistas australianos explicam por que acontece tal fenômeno através da identificação de um sistema no cérebro que percebe e vincula o componente doce e energético dos alimentos. “Descobrimos que dentro do cérebro, a sensação de doce é similar à de conteúdo energético. Quando se perde o equilíbrio entre o doce e a energia por certo período de tempo, o cérebro calibra novamente e aumenta o total de calorias consumidas”.

Este estudo identifica por que os adoçantes artificiais podem estimular o apetite, demonstrando que a rede neuronal que responde ao adoçamento artificial, interpreta a introdução do produto no organismo e manda mensagem ao corpo, informando que ele necessita comer mais porque não se obteve energia suficiente.

Um outro pesquisador brasileiro da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, descobriu que a troca do açúcar pelo adoçante pode funcionar como armadilha para o corpo e aumentar a vontade de comer doce. De acordo com o estudo, a língua faz distinção entre o açúcar e o adoçante, mas o cérebro não. Os alimentos ricos em açúcar provocam sensação de prazer e liberação de dopamina no cérebro, mas os adoçantes ingeridos não provocam esse efeito e como consequência, as pessoas buscam por doces, mesmo depois de usar o adoçante.

Pesquisa recente de 2016, do professor Rodrigo Ramos Catharino, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unicamp, e os pesquisadores Diogo Noin de Oliveira e Maico de Menezes demonstraram que, quando aquecida, a sucralose torna-se quimicamente instável, liberando hidrocarbonetos policíclicos aromáticos clorados (HPACs), compostos tóxicos, cumulativos no organismo humano e potencialmente cancerígenos.

O que fazer então? Devemos ter o bom senso de utilizar o adoçante em casos específicos, apenas sob a orientação de um profissional.

O consumo exagerado de adoçantes sintéticos apresenta também uma ação pró-inflamatória no organismo. Essas substâncias permanecem estocadas nas células de gordura, gerando inflamação e retenção hídrica.

Sabe-se que a obesidade é uma doença inflamatória, logo o uso excessivo de adoçantes artificiais ou outro produto industrializado em excesso, vai contribuir para uma maior inflamação no corpo, alterando o seu metabolismo e levando a um ganho extra de peso.

Mas, afinal, se o seu caso for, mesmo, o de consumir o adoçante, qual a dosagem recomendada?

A quantidade máxima de cada adoçante, que pode ser ingerida, diariamente, sem dano à saúde humana – expressa em mg/kg de peso corpóreo – é chamada Ingestão Diária Aceitável (IDA). Ela é estabelecida por comitês internacionais de especialistas, entre eles o Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (Jecfa), comitê científico vinculado à Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) e à Organização Mundial da Saúde (OMS). Valores máximos diários para cada tipo de adoçante, são: Aspartame – 40 mg x peso corporal; Acesulfame K – 15 mg x peso corporal; Ciclamato de sódio – 11 mg x peso corporal; sacarina – 5 mg x peso corporal; Sucralose – 15 mg x peso corporal.

Enfim: quantas gotas de adoçante podemos consumir?

O FDA (Food and Drug Administration) órgão que regulamenta a alimentação e os medicamentos nos Estados Unidos recomenda que o consumo diário de adoçantes dietéticos seja de 4 a 6 pacotes de 1 g ou 9 a 10 gotas para os líquidos. Em sucos de frutas, já naturalmente doces, em geral não é necessário acréscimo de açúcar ou adoçante. Já no caso de sucos integrais ou frutas mais azedas recomenda-se de 3 a 4 gotas, lembrando que se deve experimentar gradativamente a preparação antes de exagerar na dose.

Estamos sempre renovando as orientações nutricionais de acordo com as novas pesquisas, mas sempre periodizando a avaliação física, clinica e bioquímica de cada paciente, para obter um melhor sucesso em seu tratamento.

 

ELIANE PETEAN ARENA

Nutricionista

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